Justiça de São Paulo determina aborto legal para alguns casos

Foto: Getty Images

A Justiça de São Paulo proferiu uma decisão liminar que autoriza o Centro de Referência da Saúde da Mulher a realizar abortos legais em casos de “stealthing” — prática na qual o preservativo é removido durante a relação sexual sem o consentimento da parceira. A juíza Luiza Barros Rozas Verotti equiparou essa conduta ao crime de violação sexual mediante fraude, conforme o artigo 215 do Código Penal, que prevê pena de reclusão de dois a seis anos para quem “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”.

A magistrada destacou que o “stealthing” representa uma forma de violência sexual que compromete a autonomia da mulher sobre seu próprio corpo, podendo resultar em gestações indesejadas e afetar significativamente sua saúde física e mental. A decisão judicial foi motivada por uma ação popular movida pela Bancada Feminista do PSOL, que denunciou a recusa do Centro de Referência da Saúde da Mulher em realizar o procedimento em casos decorrentes dessa prática.

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que, embora ainda não tenha sido oficialmente notificada, cumprirá integralmente os termos da liminar assim que isso ocorrer. A pasta ressaltou que, para acessar os serviços de interrupção da gravidez nos casos previstos em lei, basta que a mulher procure diretamente uma unidade de saúde habilitada, apresentando um documento de identificação com foto.

Essa decisão judicial reforça a necessidade de políticas públicas que garantam os direitos reprodutivos das mulheres e ampliem o acesso a serviços de saúde integral, especialmente para aquelas que foram vítimas de violência sexual. A medida também destaca a importância de conscientizar a sociedade sobre o “stealthing” como uma prática criminosa que viola a dignidade e a autonomia das mulheres.

A decisão ainda é passível de recurso, mas representa um avanço significativo na proteção dos direitos das mulheres e no reconhecimento de novas formas de violência sexual que emergem na sociedade contemporânea.

Postado por James Freitas

Related posts

Léo Dias se retrata após divulgar informação falsa

Aeroporto de Londres tem grande incêndio em estação elétrica e fecha temporariamente

Em “Exílio”, Eduardo Bolsonaro pede licença para mais de 100 dias, nos EUA