Brasília lidera ranking de cidade com maior produção de energia solar do país
Brasília está no topo do ranking nacional de instalação de painéis solares para geração de energia limpa, refletindo os substanciais investimentos feitos pelo Governo do Distrito Federal (GDF) e seu compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente, estabelecendo a capital como um exemplo no setor.
A posição geográfica, a pequena extensão territorial e a alta taxa de irradiação, com mais de seis meses de seca por ano, conferem a Brasília uma vocação natural para a geração de energia solar fotovoltaica. A capital federal alcançou 413 megawatts (MW) de potência instalada em geração própria de energia, liderando o ranking. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Conforme a pesquisa, o Distrito Federal possui mais de 20 mil conexões operacionais de energia solar em telhados e pequenos terrenos.
Segundo a Absolar, mais de 21 mil consumidores de energia elétrica no DF usufruem de redução na conta de luz, maior autonomia e confiabilidade elétrica. Desde 2012, essa modalidade já atraiu para o Distrito Federal R$ 2 bilhões em investimentos, gerou mais de 12 mil empregos e arrecadou mais de R$ 600 milhões para os cofres públicos.
Além da recém-inaugurada primeira usina fotovoltaica pública do GDF, capaz de abastecer 80 prédios públicos, o governo continua investindo na instalação de mais placas solares em suas secretarias, fundações e empresas públicas.
Agro
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) implementou um programa de incentivo ao uso de energias renováveis nas áreas de agronegócio. Em conformidade com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS/ONU), a Emater-DF incentiva, capacita e qualifica seus técnicos na utilização de energia renovável, além de orientar produtores, cooperativas e associações sobre as tecnologias disponíveis.
As iniciativas no campo derivadas de energias renováveis são de baixo custo, eficientes, fáceis de monitorar e com manutenção acessível. Adaptadas à realidade do produtor do Distrito Federal, utilizam técnicas e equipamentos que economizam água, combatendo a escassez hídrica característica do cerrado.
“A energia é um insumo rural. Dentro dessa perspectiva, criamos uma assessoria técnica especializada para atender o produtor e esclarecer dúvidas. Hoje, a energia fotovoltaica é a melhor opção devido à economicidade. O valor na instalação se paga em torno de 40 meses, o que é muito bom para o produtor. Essa tecnologia tem grande adesão porque, após esses meses, o dinheiro que era gasto se transforma em lucro para o produtor usar em outros projetos”, explicou Tupac Petrillo, coordenador da Política de Incentivo às Energias Renováveis da Emater-DF.
Além disso, a Emater-DF possui um sistema fotovoltaico instalado em usina de solo, na Agrobrasília, que gera energia remota para o escritório da empresa no PAD-DF. Cerca de dois mil produtores visitam a instalação e recebem orientações sobre a tecnologia durante a feira.
A empresa também realizou um estudo para implantar 50 hectares de açaí com irrigação por microaspersão, utilizando bombeamento fotovoltaico. Esse sistema promove o uso sustentável dos recursos hídricos, controlando a irrigação por microaspersão e utilizando apenas energia fotovoltaica, o que economiza energia para os produtores.
Saúde
O Hospital da Criança de Brasília (HCB) é pioneiro entre as instituições públicas de saúde na geração de energia sustentável e limpa. A direção está desenvolvendo um projeto que prevê a instalação de 5.400 placas fotovoltaicas nos telhados e no solo do estacionamento do hospital. A tecnologia proporcionará cerca de 85% de autonomia no consumo de energia da instituição, gerando uma economia de aproximadamente R$ 213 mil por mês aos cofres públicos.
“Nós já iniciamos o projeto em março deste ano, e a previsão é concluir nos próximos seis meses. Quando começar a gerar energia, as placas vão nos proporcionar uma economia de um pouco mais de R$ 2,5 milhões por ano. O investimento para implementar a tecnologia é de cerca de R$ 15 milhões, que serão pagos em sete anos. Essa economia vai nos permitir investir em outros projetos de tecnologia e pesquisa que norteiam o HCB”, afirmou o diretor-administrativo do hospital, Sylvio Leite.
Educação
Atualmente, escolas da rede pública do DF também possuem projetos de energia fotovoltaica. Até agora, três iniciativas foram concretizadas, atendendo sete unidades escolares e beneficiando mais de cinco mil alunos e servidores. Outras duas estão em fase de implementação da tecnologia renovável.
Com investimento de R$ 350 mil, duas escolas do Gama foram as primeiras no uso de energia solar no DF: o Centro de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional (Cemi) e o Centro de Educação Fundamental (CEF) 11. Ambas implantaram os sistemas em 2022 e já colhem os benefícios do projeto. As instituições de ensino têm um aproveitamento de quase 100% na conta de luz, pagando apenas uma taxa mínima fixa de R$ 80.
Além de beneficiar os 780 alunos e 200 servidores, a energia solar na unidade também abastece outra instituição, a Escola Classe 9 do Gama, onde estudam 563 alunos no ensino infantil. A previsão é que mais duas escolas possam ser abastecidas. Segundo a Secretaria de Educação do DF (SEE), a Escola Classe 17 será a próxima.
A meta do governo é atingir o maior número possível de unidades escolares nos próximos anos. Com a instalação de placas fotovoltaicas em 150 escolas, será possível abastecer toda a rede de ensino exclusivamente com energia solar. Essa mudança significaria mais recursos no Fundo de Educação. Hoje, a pasta gasta entre R$ 23 milhões e R$ 27 milhões em contas de luz – valor que, no futuro, poderá ser investido em outros projetos.
Estações de tratamento
Nos últimos sete anos, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) investiu mais de R$ 3,7 milhões na construção de usinas fotovoltaicas. O objetivo é buscar alternativas que reduzam os custos da empresa, melhorem a qualidade dos serviços, ajudem a preservar o meio ambiente e contribuam para o desenvolvimento socioeconômico do DF.
O investimento mais recente foi na usina de geração fotovoltaica da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) do Gama, que produzirá 11.500 KWH por mês, o equivalente a 4,25% do consumo dessa ETE. A quantidade de energia gerada economizará R$ 5,4 mil mensais na conta de eletricidade da estação do Gama.
A Caesb também investiu R$ 120 mil na usina de geração fotovoltaica do reservatório de água do Cruzeiro, que gerará 5.611,29 KWH por mês, dos quais 336 KWH/mês serão consumidos no próprio reservatório. “O restante da energia produzida será direcionado a outras unidades da companhia”, explicou o presidente da Caesb, Luís Antônio Reis.
A primeira usina fotovoltaica da Caesb foi instalada em 2017 na sede da companhia, no Centro de Gestão Águas Emendadas, em Águas Claras, com investimento de R$ 3,4 milhões. Essa usina conta com 2.188 placas solares instaladas nos telhados dos prédios que compõem a sede. A capacidade de produção é de 700 kWp (kilowatts-pico), o que reduziu o consumo de energia elétrica de 140.000 kWh para 70.000 kWh por mês, gerando economia de 45% na conta de luz elétrica do prédio. A energia limpa gerada pela usina de Águas Claras poderia abastecer 610 casas populares.
Fonte: Diário do Poder
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