Nas recentes eleições alemãs, observou-se uma tendência inesperada: membros da comunidade LGBTQIA+ e outras minorias estão direcionando seu apoio aos partidos de direita, como a Alternativa para a Alemanha (AfD). Essa mudança tem gerado debates intensos e crises internas nos partidos de esquerda tradicionais.
Pesquisas indicam que, se apenas os deputados LGBTQIA+ votaram, a AfD alcançou 28% dos votos, igualando-se ao desempenho do partido União Democrata-Cristã (CDU) nas urnas. Quando combinados, AfD e CDU somaram quase 46% do eleitorado LGBTQIA+, refletindo uma orientação significativa em relação ao apoio histórico dessa comunidade à esquerda.
Especialistas apontam que essa migração pode estar relacionada a descontentamentos com políticas migratórias e questões de segurança. A AfD, por exemplo, tem capitalizado o descontentamento público em questões como imigração, especialmente nas regiões orientais do país.
Além disso, a ascensão da AfD e de outros partidos de direita tem gerado preocupações entre grupos minoritários. Manifestações organizadas pelo movimento queer CSD (Christopher Street Day) ocorreram em várias cidades alemãs, apelando ao voto contra a extrema-direita e destacando os riscos potenciais para os direitos já conquistados.
A crise na esquerda se intensifica à medida que os partidos tradicionais enfrentam dificuldades para formar coalizões governamentais objetivas sem a participação da direita. A necessidade de alianças com partidos populistas de esquerda, como a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), tem sido considerada para manter os fóruns de poder da AfD, especialmente em estados como Turíngia, Saxônia e Brandemburgo.
A mudança no comportamento eleitoral de minorias e a ascensão da direita no cenário político alemão indicam uma reconfiguração das alianças partidárias e desafios importantes para a esquerda tradicional. Observadores políticos sugerem que os partidos de esquerda precisam reavaliar suas estratégias e políticas para reconquistar a confiança desses grupos e conter o avanço da extrema-direita no país.
Postado: James Freitas