Em entrevista recente à BBC News Brasil, o dirigente do PT José Dirceu manifestou veemente que o ex-presidente Jair Bolsonaro não teria condições físicas ou emocionais de cumprir pena em regime prisional convencional. Segundo Dirceu, o estado de saúde debilitado de Bolsonaro e sua instabilidade psicológica seriam obstáculos insuperáveis para mantê-lo em presídio comum.
Dirceu ressaltou que o sistema penitenciário brasileiro está sob grande influência de facções criminosas e vive uma crise estrutural profunda, o que torna impossível imaginar alguém em situação vulnerável sendo encarcerado ali. “Acho muito improvável que se possa colocar presos vulneráveis no sistema penitenciário que é controlado pelo crime organizado. As condições são péssimas”, disse. Ele também comentou que Bolsonaro apresenta um perfil psicossomático e não demonstraria autocontrole compatível com o stress de uma prisão comum: “Não é uma pessoa que tem autocontrole.”
O ex-presidente encontra-se atualmente em prisão domiciliar, após violar medidas cautelares impostas em processo que apura tentativa de coação à Justiça – e ainda mantém direito a recorrer. Dirceu comparou a situação de Bolsonaro à de Fernando Collor, que cumpre regime domiciliar por questões de saúde, mas lembrou que o ex-presidente Lula já chegou a cumprir pena em unidade prisional da Polícia Federal.
Criticando propostas de redução de penas para participantes dos atos de 8 de janeiro, o petista acusou setores da direita de hipocrisia: “Nos últimos dez anos aumentaram as penas para tudo no Brasil, sem condições do sistema penitenciário receber (esses presos)”. Ele alertou que a revisão penal poderia favorecer justamente aqueles que “destruíram o Parlamento, o Judiciário e o Planalto”.
A declaração de Dirceu reacende debate sobre a viabilidade de prisão comum para figuras públicas com doença ou fragilidade, e seu posicionamento político adiciona novo elemento à polarizada discussão sobre o destino legal de Bolsonaro.
