Na manhã de quarta-feira (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi formalmente intimado por uma oficial de Justiça enquanto permanecia internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília. A intimação refere-se à abertura de processo no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.
A oficial de Justiça permaneceu por mais de 10 minutos no local, apurou a CNN. Em nota, o STF afirmou que a “divulgação de live realizada pelo ex-presidente na data de ontem (22/4) demonstrou a possibilidade de ser citado e intimado hoje (23/4)”.
A ação penal, aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF em 26 de março, inclui Bolsonaro e outros sete aliados como réus no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado durante e após as eleições de 2022. Com o recebimento da denúncia, os réus passam a responder ao processo na Suprema Corte.
O ex-presidente está internado desde o dia 14 de abril, após ser submetido a uma cirurgia de desobstrução intestinal. Apesar da avaliação positiva da cirurgia, os médicos ressaltaram que Bolsonaro ainda exige cuidados especiais durante o processo de recuperação e segue na UTI.
Durante uma live com os filhos na noite de terça-feira (22), Bolsonaro mencionou que espera receber alta na próxima segunda-feira.
O vídeo que registra o momento da intimação circula nas redes sociais e mostra a oficial de Justiça entregando os documentos ao ex-presidente, que os assina enquanto permanece deitado no leito hospitalar. A divulgação das imagens gerou debates sobre a legalidade e a ética da intimação em ambiente hospitalar.
O diálogo entre a oficial de Justiça e o ex-mandatário, gravado em vídeo, revela a tensão do encontro e vem repercutindo nas redes sociais e meios de comunicação.
Após o ex-presidente tomar ciência do que estava ocorrendo, ele desabafa:
“A senhora tem ciência que está dentro de uma sala de UTI, no hospital?”, questionando a condução da intimação em ambiente sensível de cuidados médicos.
Ainda em resposta, Bolsonaro elevou o tom e fez uma comparação:
“O pessoal dos tribunais do Hitler também cumpria missão: colocavam judeus na câmara de gás. Todos pagaram seu preço um dia. Não vai ser diferente no Brasil.”
A fala do ex-presidente causou forte repercussão entre juristas e autoridades, que consideraram a menção ao regime nazista um grave paralelo. Especialistas apontam que o episódio escancara a radicalização do discurso político e levanta discussões sobre os limites do cumprimento de ordens judiciais em espaços hospitalares.
A defesa de Bolsonaro ainda não se pronunciou oficialmente sobre a intimação. O ex-presidente nega envolvimento em qualquer tentativa de golpe e afirma que as acusações são infundadas.
A intimação de Bolsonaro na UTI marca um momento inusitado na política brasileira, evidenciando a complexidade e a tensão dos processos judiciais envolvendo figuras públicas de alto escalão.