Analistas internacionais apontam que Israel vem mantendo um programa de armas nucleares há décadas, com uma política de ambiguidade estratégica — nem confirma nem nega possuir tais armamentos. Instituições como SIPRI estimam que o país detenha cerca de 90 ogivas e estoque de material físsil suficiente para fabricar centenas de bombas adicionais.
Origem e desenvolvimento
O programa teve início entre final dos anos 1950 e 1960, com apoio francês para a construção do reator de Dimona e da planta de reprocessamento. Informações de ex-funcionários, como Mordechai Vanunu em 1986, confirmam que mais de 100 ogivas foram produzidas naquela época.
A estratégia de amimut, ou opacidade nuclear, permite a Israel manter um arsenal dissuasor sem declarar oficialmente sua posição nuclear. A máxima oficial — “não seremos os primeiros a introduzir armas nucleares no Oriente Médio” — é amplamente interpretada como uma besta-falada diplomática, já que especialistas afirmam que ter e esconder é, na prática, o mesmo que possuir.
Capacidade de dissuasão
A triade nuclear israelense inclui caças F‑15/F‑16 (e em breve F‑35), mísseis balísticos Jericho II e III, e submarinos classe Dolphin com mísseis de cruzeiro nuclear-portadores. Essa estrutura garante potencial de ataque global, com alcance estimado de até 6.500 km (Jericho III) e cerca de 20 submarinos equipados com mísseis nucleares.
Contexto geopolítico
A presença de arsenal nuclear israelense influencia diretamente a segurança regional. A sua política de não adesão ao Tratado de Não Proliferação (TNP) e a falta de fiscalização da AIEA contrastam com outros Estados do Oriente Médio, o que alimenta desconfiança e pressiona países como Irã e Arábia Saudita a buscarem contrapeso nuclear.
Operações preventivas, como o ataque ao programa nuclear sírio em 2007 e o uso de vírus como Stuxnet contra o Irã, refletem a postura israelense de neutralizar ameaças antecipadamente, em consonância com a Doutrina Begin de 1981.
Este contexto evidencia por que os Estados Unidos toleram a opacidade israelense, evitando, porém, incentivar uma corrida regional por armas atômicas.
O programa nuclear secreto de Israel, potencialmente com 90 ogivas, foi construído desde meados do século XX com base em tecnologia francesa e reforçado nacionalmente. Sua política de ambiguidade sustenta um equilíbrio dissuasório, porém repleto de riscos geopolíticos e proliferativos.